Um dia típico em Windturn City...
...começa às 4:30 da manhã, em Belo Horizonte. Neste horário, na noite de ontem, eu estava tendo um sonho estranho que incluía macacos que respondiam perguntas num programa de auditório. Aí o despertador tocou e eu iniciei a via sacra até o aeroporto.
Chegando lá, encontro meu colega Michael Jackson que, para minha surpresa, cortou o cabelo e arruinou o seu pseudônimo. Agora ele parece uma mistura de latin lover com RBD. Bizarro, muito bizarro.
Uma hora de sono, digo, de vôo e estávamos em Guarulhos, na greater São Paulo. Agora só faltava duas horas e meia de carro até Windturn City. Só tinha um problema. Éramos eu, Michael, o líder do projeto, um dos nossos clientes, o motorista e malas para uma semana. E tinha que caber tudo num Corsa. Por alguma graça divina, o nosso cliente resolveu que eu é quem teria que ir na frente. "Você é maior que todo mundo", disse ele. Lição aprendida: jamais amaldiçoe seu sobrepeso...
Pouco antes de entrarmos no carro, o cliente iniciou uma conversa sobre a Herbalife. Aí eu, inadvertidamente, comecei com a gozação:
- Pois é, rola a piada de quem vende esse negócio aí é chamado de "Herbalofo", hehehehe...
Todo mundo riu um riso meio sem-graça. Só fui entender o porquê depois que o cliente ficou mais de uma hora falando do quanto ele é fã da Herbalife, que ele toma os "shakes" todos os dias de manhã, que hoje ele usa o cinto três buracos mais apertado, que a pele dele virou outra depois dos cremes nutritivos...
O dia de trabalho foi normal. Passamos a tarde inteira numa looonga reunião. Eu sempre me divirto nessas reuniões olhando como fica a cara das pessoas quando elas botam a cabeça na frente da projeção do datashow. Às vezes o ícone do Avast do micro do Michael ficava bem na testa do nosso cliente, e eu morria de rir internamente.
Aí, durante uma discussão da reunião, o micro do Michael entrou no descanso de tela. Ele intercalava mensagens do tipo "VAMOS SUBIR GALÔÔÔÔ!!!" e fotos da massa atleticana no Mineirão. Nada mais apropriado...
Às seis o expediente acabou. Eu e Michael ainda tínhamos trabalho a fazer, mas não tínhamos como ir até o hotel. Sim, claro, estávamos em Windturn City e é ÓBVIO que dava pra ir a pé até o hotel. Só que estávamos com nossas malas, e o céu se derretia em chuva. Aí pegamos uma peculiar carona no fusquinha de um dos nossos clientes...
O hotel de Windturn City tem uma arquitetura impressionista, ou seja, é impressionante o tanto que o pedreiro fez as paredes tortas. O corredor que leva até o nosso quarto vai ficando mais estreito conforme você caminha. E a parede em volta da porta tem uma rachadura que vai de um lado ao outro, como se o nosso quarto estivesse se "destacando" do resto da casa. Mas pelo menos o hotel é limpo. Bem, é o que eu pensava até ontem: enquanto eu e Michael trabalhávamos, deu pra ouvir o dono do hotel, na cozinha, borrifando Baygon em alguma coisa. Medo...
Depois da "hora extra", fui conhecer a academia de ginástica de Windturn City. Michael é marombeiro e descobriu a academia nas suas andanças pela grande metrópole Windturncityana. O preço? Inacreditáveis R$ 2,50 por dia.
Corri minha meia horinha básica e avisei Michael que ia voltar pro hotel. De gozação, ele me perguntou: "Mas você vai saber voltar pro hotel?". Eu tive medo, mas consegui. No caminho, passei na padaria e comi o jantar mais barato da minha vida de consultoria: R$ 5,50 por um pão com presunto e queijo, um iogurte e um Gatorade. Deu até vergonha pedir o cara pra fazer uma nota fiscal...
Voltando pro hotel, enquanto eu escrevia este post, notei uma coceira estranha nas minhas costas. "Droga. Pernilongos", pensei. Peguei a toalha e saí escaneando o quarto, em missão de extermínio. Foi um sucesso: em dez minutos eu matei nada menos que DEZESSETE pernilongos - e duas moscas.
Michael chegou da academia e fez uma descoberta ainda mais alarmante: no teto, no vão entre o quarto e a porta da varanda (sim, tem varanda no quarto!) tinha mais VINTE pernilongos, todos prestes a atacar. Tivemos que pegar o Baygon emprestado com o dono do hotel e usá-lo como arma de destruição em massa. Foi uma cena memorável: Michael borrifou o Baygon e, instantaneamente, os pernilongos foram caindo como... hmm, moscas.
E assim acabou o primeiro dia desta semana em Windturn City. Se eu não morrer intoxicado de Baygon, depois posto mais...